Precisamos falar sobre um dos princípios fundantes da educação, o diálogo. Se voltarmos aos princípios da filosofia grega, uma das vertentes para a construção de nossas bases teóricas, encontraremos o diálogo como princípio de vida e de educação.
Sócrates, por exemplo, desenvolveu toda o seu legado a partir da arte de fazer perguntas. Diálogo para os gregos é a capacidade de fazer e responder perguntas em condições de igualdade e também, condição necessária para uma educação de qualidade. O diálogo favorece a expansão do pensamento formal e do desenvolvimento de todas as competências socioemocionais. Ou seja, sempre é importante pensar que o diálogo precisa de condições para que ele se estabeleça efetivamente. Em ambiente escolar, como é possível perceber o diálogo acontecendo na prática?
Retomo a questão do diálogo no ambiente escolar por dois motivos. Primeiro, acredito que toda a aprendizagem tem como base o diálogo. Segundo, porque a escolas tradicionalmente não coloca o diálogo como um dos seus princípios e se coloca a dar respostas prontas e acabadas.
Por esse motivo, questiono:
É possível conciliar o diálogo, entendido como oportunidade de construir respostas de forma coletiva, com metodologias de escolas que se propõe e dar respostas prontas?
Um aspecto a ser observado é que, deixar as crianças, os jovens e mesmo os adultos com certo desconforto, por não ter a resposta pronta e imediata, pode ser benéfico para o desenvolvimento do potencial criativo e para o aprendizado socioemocional.
Um dia uma criança me falou: “não gosto da escola porque temos que executar o que a professora orienta”. Ou seja, quando não temos o espaço para criar, tudo fica enfadonho. E hoje quero ressaltar que uma escola de qualidade, que uma educação efetiva, deixa espaço para que as crianças e adolescente e até mesmo os adultos, criem suas respostas, testem suas hipóteses , coloquem na roda o que pensam para que o diálogo possa se estabelecer e a partir daí, construir respostas.
Retomo à ideia de construir o diálogo, pois toda educação e, no dia a dia da escola,
precisamos criar as condições para que todas as perguntas possam ser feitas
e que as respostas possam ser construídas com todos os participantes da escola em diferentes espaços e com diferentes metodologias. Entendo que dessa forma, a autonomia e a responsabilidade se estabelecem e que os frutos da educação começam a aparecer concretamente.
E quais seriam esses “frutos” de uma educação com base na autonomia e na responsabilidade?
Se você puder dialogar comigo sobre isso, será muito importante, pois na próxima semana tratarei de comunicação não violenta e suas ideias são muito importantes para este ponto de nossa conversa.
Na semana passada escrevi: o que levar em consideração na hora de matricular o seu filho. Leia na neste link
Prof.ª Dr.ª Janete Cardoso
Professora, mentora educacional, pedagoga, doutora em educação pela PUCRS
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