Quero trazer um assunto que está me ocupando bastante. Em meio aos diversos desafios que permeiam o cenário educacional, há um tema que está sendo amplamente discutido e analisado por estudantes, professores e pesquisadores, a importância do Programa de Residência Pedagógica (PRP).
Esta iniciativa surge como uma proposta para melhorar e aprimorar a formação de professores da educação básica e, assim, contribuir para a valorização dos cursos de licenciatura. O PRP não apenas incentiva profissionais da educação com uma bolsa, mas os capacita como agentes de transformação em direção a um futuro mais promissor. Considero que sua importância vai além da mera formação acadêmica, pois insere nos participantes o compromisso e a responsabilidade de serem catalisadores de mudança em direção a uma educação mais inclusiva e de qualidade.
Ao longo dos anos de minha trajetória como profissional da área, deparei-me com demandas complexas e transformações constantes na sociedade, o que inevitavelmente levanta questionamentos cruciais: como garantir que os programas de formação de professores estejam genuinamente capacitando os educadores para enfrentar os desafios do presente e do futuro?
Bem, diante dos debates em torno da formação de professores e da qualidade da educação no Brasil, a Residência Pedagógica, com sua duração estendida de 18 meses, surge como uma resposta promissora representando um compromisso sólido entre instituições de ensino superior, redes de ensino e escolas, proporcionando aos estudantes uma imersão prática e reflexiva no contexto das escolas públicas. Sob a tutela cuidadosa de professores e instituições de ensino superior, e a supervisão experiente dos educadores das escolas preceptoras, os participantes embarcam em uma jornada de descoberta e aprendizado que molda suas perspectivas pedagógicas.
Uma das características mais marcantes da Residência Pedagógica é a segurança proporcionada aos estudantes.
Ao adentrarem o ambiente escolar sob a orientação de profissionais experientes, os residentes têm a oportunidade de compreender as complexidades da prática docente, desde as estratégias metodológicas até os desafios cotidianos enfrentados pelos educadores. No entanto, surge também o questionamento sobre como essa segurança pode influenciar no desenvolvimento da autonomia dos futuros professores. Esse conhecimento não apenas fortalece a confiança dos residentes em sua capacidade de ensinar, mas, também, os instiga a buscar constantemente o aprimoramento e a inovação em sua prática.
Essa reflexão contínua não só beneficia os residentes, individualmente, mas contribui para a evolução do ambiente educacional como um todo e, promove a cultura de aprendizado e crescimento mútuo.
As vivências compartilhadas pelos participantes do Programa testemunham sua profundidade e impacto.
Trago aqui os relatos de Luciano Carvalho, um policial civil decidido a trilhar a carreira docente, a experiência enriquecedora de Mariana Uchoa e o exemplo inspirador de Paulo Roberto Silva, que superou desafios pessoais para abraçar sua vocação, cada história reflete a transformação que a Residência Pedagógica provoca na formação dos educadores.
Luciano Carvalho me contou que houve um impacto significativo do PRP em sua trajetória. Ele descreve o programa como um "divisor de águas" em sua preparação para a carreira docente, ressaltando que o contato direto com a realidade escolar o inspirou a seguir o caminho do magistério. Além disso, Luciano enfatiza a importância do método adotado no PRP para aprimorar o processo de aprendizagem em sala de aula, especialmente ao valorizar o aluno como protagonista desse processo.
Minha aluna Mariana Uchoa, do sexto semestre de Pedagogia, destaca os aprendizados abrangentes obtidos na Residência Pedagógica. Ela me contou que tem uma lista de experiências práticas e teóricas que enriqueceram seu currículo, desde a aplicação de conteúdos até a resolução de conflitos em sala de aula. Para Mariana, a participação no programa foi uma experiência única que a diferencia dos demais estudantes, proporcionando-lhe uma visão mais ampla e aprofundada da prática educativa.
Paulo Roberto Silva, já é diplomado em Pedagogia, aos 54 anos é também enfermeiro. Ele me contou que enfrentou desafios durante o período do PRP. Por isso, destaca a importância da determinação e da vontade de aprender, superando obstáculos relacionados à sua idade e gênero. Paulo demonstra que, mesmo diante das dificuldades, a paixão pela profissão e a busca pela realização de um sonho foram os motores que impulsionaram sua jornada na Residência Pedagógica.
Ao conversar com as preceptoras do PRP, Lys Porto e Maristela Leal, constato reflexões valiosas sobre o papel do professor e a importância da experiência do preceptor. Lys enfatiza a necessidade de uma participação ativa na vida dos alunos, enquanto Maristela destaca a experiência do preceptor como um "farol" no processo de formação dos participantes.
Esses testemunhos ressaltam a relevância do papel do educador como agente de transformação e orientador na jornada dos futuros professores, bem como, a relevância do PRP como uma iniciativa conecta os alunos com a realidade prática da sala de aula.
Assim, podemos garantir que o Programa da Residência Pedagógica emerge como um cenário de esperança e transformação, na formação e capacitação de professores no Brasil. Mais do que preparar indivíduos para a prática docente, esse Programa os transforma em educadores conscientes, reflexivos e comprometidos com o fortalecimento do sistema educacional.
Meu desejo é o de que possamos, cada vez mais, valorizar e investir em iniciativas como essa, que têm o poder de transformar vidas individuais e o contexto educacional de todo um país por meio da educação de qualidade.
Prof.ª Dr.ª Janete Cardoso
#residênciapedagógica @janete__cardoso
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