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Foto do escritorLuis Nobre

Santo Agostinho já previa o Metaverso?

Nos dois últimos anos, devido às medidas restritivas de segurança impostas pela necessidade de conter o avanço do coronavírus e tratar seus efeitos, o mundo inteiro foi obrigado a se adaptar a uma nova realidade. Profissionais em vários segmentos de atuação passaram a trabalhar e a interagir entre si remotamente, de suas casas. Professores, por exemplo, passaram a ter esse tipo de relação com seus pares, seus alunos e os pais desses alunos. Evidentemente, isso só foi possível graças ao uso mais intenso e mais inteligente da tecnologia.


2022 só está começando e as promessas de grandes mudanças já estão no horizonte. A maior delas será a implantação do 5G, ou seja, o acesso à rede mundial de computadores com uma velocidade 100 vezes maior do que a do 4G. Isso significa, por exemplo, pavimentar de forma irremediável o caminho para a internet das coisas (objetos comuns, como uma geladeira ou uma cafeteira, estarão conectados à internet), para os carros autônomos e para a realidade virtual. Nesse último caso, uma outra revolução está se desenrolando: o Metaverso, um mundo digital imersivo criado pela combinação de realidade virtual, realidade aumentada (por exemplo, óculos que mostram informações diante de seus olhos) e a internet. Por meio de avatares, ou seja, representações virtuais de si mesmas, pessoas no mundo inteiro irão interagir entre si no Metaverso, exatamente como fazem no mundo real. A holding Facebook agora se chama Meta.

Empresas como Nike, Adidas, Disney, Microsoft, Louis Vuitton, Rolex, Prada e Gucci estão investindo nesse mundo digital.

Será possível, por exemplo, comprar um tênis para seu avatar ou para você mesmo, tudo no mesmo ambiente. Terrenos são postos à venda frequentemente no Metaverso e são negociados a preços exorbitantes com criptomoedas. Por enquanto, somente Estados Unidos e Canadá têm acesso ao Metaverso. As implicações desse novo “admirável mundo novo” serão inúmeras em praticamente todas as áreas de conhecimento e de atuação. Para a educação, serão vários os desafios. Diante do fascínio que a realidade virtual e a realidade aumentada provocam nas crianças e nos jovens, os métodos de ensino atuais são suficientemente interessantes? Alunos e alunas estão de fato sendo preparados para que tenham a capacidade de acompanhar a velocidade das mudanças e a flexibilidade necessária para abraçar tipos de trabalho que ainda irão surgir? E como deverá ser a relação da escola com os pais? Certamente deverá ser intensificada, em uma via de mão dupla mais ativa. Privacidade, segurança, prevenção ao vício digital e suas consequências deverão ser temas visitados com frequência. Instituições de ensino e empresas que implementarem mudanças adequadas mais cedo sairão à frente da concorrência, que também vem se tornando mais complexa e acirrada.

Em 2020 e 2021, a tecnologia nos ajudou a superar desafios nunca antes vistos no mundo pós-moderno.

No novo cenário que se desenha agora, entretanto, a tecnologia não vem como solução a eles. Ao contrário, ela própria está impondo outros novos. Ou seja, é elemento indutor de mudança. O historiador e escritor Yuval Noah Harari, em seu livro “Homo Deus - Uma breve história do amanhã”, lançado em 2015, diz que, devido às mudanças cada vez maiores e mais frequentes impostas pela tecnologia, será necessário ter a clara compreensão de que o aprendizado deverá ser contínuo e para sempre. Ou seja, o aprendizado de crianças, jovens, adultos e, consequentemente, de famílias, grupos, empresas, órgãos e instituições nos quais as pessoas estão inseridas.


O filósofo Santo Agostinho, há pouco mais de 1.500 anos, já possuía a consciência daquilo que, muito mais do que naquela época, pode e deve ser o mantra nos dias atuais, do indivíduo ao coletivo. Disse ele: “Conhece-te, aceita-te, supera-te!”.

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